segunda-feira, 29 de junho de 2009

BOAS NOVAS VINDAS DA ESPANHA

Deu no Estadão, matéria da Reuters:

ESPANHA RETIRA TÍTULOS HONORÁRIOS DE FRANCO

MADRI - A prefeitura de Madri retirou nesta segunda-feira do ex-ditador espanhol Francisco Franco o título honorário de prefeito da cidade e cidadão madrilenho, 33 anos depois que sua morte deu início à transição para a democracia.

Vereadores de todas as correntes políticas aprovaram por unanimidade a remoção dos títulos, bem como as medalhas que Madri concedeu ao general de direita, disse um porta-voz do Conselho Municipal.

"A capital da Espanha está agora livre de apoio a ditadores", disse a vereadora de esquerda Milagros Hernández, segundo informou o site da rede de TV CNN+.

A iniciativa é a última de um esforço liderado pelo governo socialista para remover traços de Franco em nomes de ruas, estátuas e outros símbolos de glorificação do ditador que conquistou o poder depois de uma guerra civil de três anos, encerrada em 1939, e que ficou no comando do país até sua morte, em 1975.

As remoções começaram com uma lei aprovada em 2007 pelo governo do primeiro-ministro José Luis Rodriguez Zapatero, cujo avô foi morto pelas forças de Franco.

A medida reverte a concepção de que depois da morte de Franco seus partidários entregariam o poder sob a condição de que a futura democracia não iria remexer no passado.

Membros do conservador Partido Popular (PP) criticaram a lei socialista por, segundo dizem, cutucar desnecessariamente as feridas do passado. No entanto, o PP - que governa a cidade de Madri - apoiou a proposta de remover os títulos honorários de Franco.

(Reportagem de Sarah Morris)

sábado, 27 de junho de 2009

E viva o Twitter!

Twitter e pérolas de Millor


As novas tecnologias são, ao contrário do que os intelectuais da Escola de Frankfurt achavam, ferramentas de cidadania na sociedade aberta. O Twitter está fazendo seu santo estrago no Irã, municiando pessoas a trafegar velozmente preciosas informações sobre o que ocorre com a repressão às manifestações sociais contra o "chuncho" das eleições presidenciais que reelegeram Ahmadinejad. Pra quem já está no Twitter sugiro seguir Millor Fernandes. Impressionante como ele usa com talento o espaço dos 140 caracteres para destilar seu texto crítico, humorado e genial. Dê uma olhada em www.twitter.com/millorfernandes
Abaixo transcrevo algumas pérolas dele que encontrei por lá:


"Nas noites de Brasília, cheias de mordomia, todos os gastos são pardos."


"Você está bêbado quando começa a sentir solidariedade e não consegue pronunciar essa palavra."


"Acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder."


"Anatomia é uma coisa que os homens também têm, mas que, nas mulheres, fica muito melhor."

Jackson Pollock


Um dos maiores pintores americanos e da história das artes plásticas do século XX, Jackson Pollock fez história com uma maneira muito particular de pintar. Obviamente que esse processo foi descoberto por ele ao longo do tempo, à custa de muita reflexão e dor próprias dos artistas geniais. Morreu num acidente de carro, e teve sua vida invadida pelo problema do alcoolismo. Pra quem gosta de cinema e artes plásticas, a dica é o filme que conta a história de sua vida, com a impecável interpretação de Ed Harris. Abaixo postei imagem da obra que mais gosto dele: Convergence. Tem também um link para o JacksonPollock.org, para aqueles que quizerem brincar de ser Jackson Pollock.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Michael Jackson: imortalizado nessa imagem e nessa dança

King of Pop is dead!


O começo de minha carreira na comunicação foi como locutor e DJ de FM. Comecei a trabalhar na Folha FM em Londrina em 1984, época em que Michael Jackson era o rei das paradas musicais em todo o mundo. O álbum Thriller, produzido pelo grande produtor e jazzista Quincy Jones, fez de Michel Jackson o recordista até hoje com o álbum musical mais vendido de todos os tempos. Hoje a digitalização está acabando com o conceito de álbum, que eu particularmente acho muito bacana porque apreende de modo mais abrangente o momento criativo do artista. Hoje compramos ou baixamos de graça as músicas diretamente da web. Hoje recebi a notícia da morte de Michael Jackson, momentos atrás(19h50m de Brasília) Estou triste. Quem gosta de música pop está triste!

PROFESSORES DE JORNALISMO SE MANIFESTAM FRENTE AO FIM DA EXIGÊNCIA DO DIPLOMA

(Reproduzo Nota oficial do FNPJ - Fórum Nacional de Professores de Jornalismo)

Supremo julga jornalismo pelo que ele não é e atribui superpoder de regulação às empresas do setor

Duas premissas equivocadas constituíram a base de argumentação do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo, do Ministério Público Federal e de oito ministros do STF para derrubar a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Com premissa errada, a conclusão só poderia repetir erro.

A primeira é a de que a atividade profissional do jornalista seria a do exercício da opinião, cujo direito estaria, portanto, impedido pela exigência de qualquer diploma. Assim, o jornalismo foi julgado pelo que não é.

O jornalismo opinativo faz parte da fase embrionária da imprensa. Na atualidade, porém, o jornalista produz informações novas (conhecimento) acerca da realidade e faz a mediação das diversas opiniões sociais que disputam visibilidade na esfera pública. Por dever ético e eficácia técnica, ele não expressa a sua própria opinião nas notícias e reportagens que escreve.

Trata-se de atividade profissional, remunerada, e não gozo de direito fundamental, o que torna a medida do STF, além de equivocada, ineficaz. Mas ela teve uma consequência ainda pior, caminhando no sentido contrário ao anunciado: eliminando a necessidade não só de qualificação, mas também de fiscalização e registro em órgão de Estado (Ministério do Trabalho), o Supremo acabou com qualquer proteção ao cidadão, transferindo o poder de regulação para as empresas do setor.

E se o jornalista passou a ser aquele que meramente expressa a sua opinião, quem provê a sociedade de notícias e faz a intermediação das opiniões sociais? Destituindo essa função de qualquer requisito em termos de conhecimento, a decisão do STF criou séria restrição a outro direito humano fundamental, o de receber informações de qualidade, um direito-meio para o pleno exercício da cidadania.

A segunda premissa equivocada é a de confundir diploma com “restrição de acesso”. O critério para decidir se um diploma deve ser obrigatório não é, como disseram os ministros, a capacidade inequívoca, cristalina, para evitar erros e danos à sociedade, porque nenhum diploma garante isso. Prova disso são os inúmeros erros médicos, jurídicos e de engenharia cotidianamente noticiados. Em vez disso, o critério mais adequado é a capacidade efetiva de um curso para qualificar serviços fundamentais para os indivíduos e para as sociedades, como é o jornalismo nas complexas sociedades contemporâneas.

Na verdade, o diploma universitário democratiza o acesso à profissão, na medida em que se dá não pelo poder discricionário do dono de mídia, mas via instituição de ensino, que tem natureza pública e cujo acesso, por sua vez, se dá mediante seleção pública (vestibular) entre todos os pretendentes a determinada profissão. Pelo menos era assim também no jornalismo até o fatídico 17 de junho de 2009. Se há problemas com a água do banho, não podemos jogar fora também o bebê (o espírito da seleção pública e democrática e a própria formação).

Ao contrário disso, e junto com a revogação total da Lei de Imprensa, dias antes, o fim do diploma deu poder absoluto aos empresários do setor sobre a imprensa no Brasil. Nada mais avesso aos anseios dos cidadãos brasileiros, que se preparam para discutir, na Conferência Nacional de Comunicação, como limitar o poder dos donos de mídia.

Com isso, o Brasil retrocede nos dois sentidos: o jornalista, entregue ao domínio do empregador, deixou de ser, para meramente estar (jornalista) , a depender da situação conjuntural de possuir um contrato de trabalho, e o dono de mídia abocanha também um poder da sociedade, o de órgão regulador.

Mas o duro golpe recebido com tamanha desqualificaçã o da atividade (até mesmo por envergonhadas empresas de comunicação) não deve nos levar a desistir. Uma das formas de luta, agora, passa a ser a própria Conferência Nacional de Comunicação, em que a importância e a singularidade do jornalismo como forma de conhecimento e de mediação social tem de ser por nós demonstrada. Afinal, alguém imagina as complexas relações sociais atuais sem o jornalismo? Esse é um debate da sociedade e não só de quem sobrevive da atividade.

É o momento, também, para assumirmos e defendermos, sem culpa, a linha de afirmação dessa identidade e especificidade do jornalismo que até agora norteia, no âmbito do MEC, o debate nacional em torno das novas diretrizes curriculares para o ensino de jornalismo.

Só conseguiremos reverter as consequências negativas do 17 de junho se houver ainda mais investimento pessoal e coletivo de estudantes, profissionais, professores, pesquisadores e escolas de jornalismo na própria formação e nessa afirmação também qualificada do campo do jornalismo, em cursos de graduação, mestrado e doutorado inequivocamente estruturados sobre a natureza da atividade, a partir da qual se organiza a sua necessária relação com as demais áreas profissionais e do conhecimento.

Precisamos continuar demonstrando para os ministros do Supremo, como já o fizemos diversas vezes, mas também para a sociedade, que todos os seres humanos são comunicadores e podem expressar a sua opinião, na medida em que isso é inerente à condição humana. E que os jornalistas são os primeiros a valorizar e defender essa condição e esse direito. A história confirma isso.

Contudo, a comunicação jornalística constitui um campo singular, e mantém com a sociedade um contrato específico, que gira em torno da prestação do serviço público de mediação do debate social e da produção cotidiana de um conhecimento novo (informação) a respeito da realidade. Trata-se de algo bastante distante da simples expressão da opinião e que também não se confunde com ficção, publicidade e entretenimento.

Brasília-DF, 23 de junho de 2009