sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A tentação dos românticos

Os líderes carismáticos sempre recorrem às paixões e emoções das pessoas - em especial as humildes - para sedimentar sua liderança e sua influência sobre as populações. E volta e meia tem à sua disposição uma utopia para seduzir e levar seu povo a sonhar com a "terra prometida", onde haveria fartura e um mundo novo e perfeito para todos.

Nada pior para uma sociedade aberta que a pregação da utopia. Ela só nos leva à amargura e ao desespero com a realidade presente.

É através da sedução utópica que líderes conquistam mentes humildes do povo (e de muita gente instruída também) que não aprenderam a exercer atitude crítica.
Utopia é arma para tiranos, ditadores e totalitários em geral.
Pensadores nacionalistas, marxistas e romãnticos são chegadinhos numa utopia, pois ela é a base da sedução para o discurso totalitário, do carisma e da palavra de ordem, uma vez que ela não passa de um sonho romântico.

Um iluminista não precisa de utopia. Ele acredita na correção dos erros pelas reformas constantes, ao invés de uma revolução que se proponha a "transformar" a realidade em algo novo, perfeito e sem os vícios e defeitos da sociedade anterior.

Imagine a utopia da "família perfeita": vamos revolucionar as famílias. Destruir as atuais e criar novas famílias. Só com parentes bacanas.
É esse tipo de coisas que propõe o MST, por exemplo, ao querer o surgimento de uma nova sociedade (está implícito nesse desejo utópico a destruição da sociedade atual, sem o qual não se pode implantar o modelo perfeito, utópico).

E é seguido e aplaudido por intelectuais e políticos até de respeito.
Uma coisa é um ideal, outra coisa é acreditar em uma utopia. O ideal de liberdade é diferente de acreditar num país onde "todos sejam livres".
Por mais que haja um país onde a maioria seja livre, sempre haverá falhas no sistema, ou seja, gente que não é livre.
Isso não por conta do "sistema", como dizem os marxistas.Simplesmente nada que seja humano no mundo é perfeito.Erramos em tudo que fazemos.
Isso não quer dizer que não possamos chegar a um momento em que todos realmente sejamos livres. Esse ideal deve ser perseguido, mas não via pensamento utópico. Tal ideal pode ser atingido ao longo do tempo, preservando-se o direito, o respeito à democracia e a tolerância.