quinta-feira, 25 de agosto de 2011

"Liberal é quem defende todas as liberdades"

Ipsis Litteris, copio post do sempre rápido no gatilho Prof. Orlando Tambosi, da UFSC


 Na tradição autoritária ibero-americana, liberalismo sempre foi um anátema. Apesar de nunca ter marcado presença nesses países, o liberalismo (agora atacado sob o jargão "neoliberalismo", criado pelos náufragos do socialismo) é acusado de todos os males. Liberalismo é a face do demônio na terra.

Mas o que é ser liberal? Ora, liberal é aquele que defende as liberdades, tanto a política quanto econômica - aliás, inseperáveis. É liberal pela metade aquele que privilegia a liberdade econômica em detrimento das liberdades civis, considerando que a economia é o lugar onde se resolvem todos os problemas. Nisto, está mais próximo dos marxistas.

Ser liberal é bater-se por todas as liberdades: além da liberdade econômica, as liberdades de ir e vir, de expressão, de crença, de imprensa etc.

Nesse sentido, o liberalismo não é uma ideologia, mas uma filosofia do cidadão em guarda contra a excessiva intervenção do Estado e dos poderes públicos. Liberdade é um bem que se conquista, não um favor do Estado ou do governante. 

Como disse Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura 2010 e um dos raros intelectuais latino-americanos a defender as ideias liberais:

"Diferentemente do marxismo ou dos fascismos, o liberalismo não constitui, na verdade, um corpo dogmático, uma ideologia fechada e autossuficiente com respostas pré-fabricas para todos os problemas sociais, mas sim uma doutrina que, a partir de um conjunto relativamente pequeno e claro de princípios básicos estruturados em torno da defesa da liberdade política e da liberdade econômica - ou seja, da democracia e do livre mercado -, admite em seu interior uma grande variedade de tendências e nuanças."

Liberal, em suma, é quem defende, contra a cultura autoritária, a cultura da liberdade.

P.S.: nunca é demais lembrar que as ideologias mais sangrentas do século XX foram, todas elas, antiliberais: nazismo, fascismo e comunismo.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Somos todos afrodescendentes (via blog Baixo Clero, de Fábio Silveira)



Por Marcos Cesar Gouvea

O povo brasileiro é afrodescendente, “eurodescendente” e “nativo-descendente”. É por isso que as cotas raciais em algumas universidades brasileiras têm suas bases assentadas numa mentira. Desde o governo Fernando Henrique Cardoso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) tem manipulado números dos censos para fazer crer que os chamados “negros” constituem metade da população, incluindo nesse campo os auto-declarados “pardos”. FHC pediu para o IBGE dar a canetada. Lula obrigou o IBGE a fazê-lo e o instituto passou a ser um órgão aparelhado e militante da “causa negra”, trabalhando para criar, no Brasil, o mito de “uma raça negra” de um lado e uma “raça branca” de outro.
Ao colocar os “pardos” no campo “afrodescendente” o IBGE, de uma canetada só, por exemplo, extinguiu os “nativo – descendentes”. Como se os índios não tivessem deixado descendentes. A verdade é que não há etnia pura no Brasil. A população brasileira é afrodescendente, “euro-descendente” e “nativo-descendente”, miscigenada como nenhuma outra nação do planeta.
O absurdo das cotas raciais é imaginar que uma jovem, um jovem brasileiro, se tiver a cor da pele negra ou parda, automaticamente está em desvantagem na sociedade e não tem competitividade escolar. A História não mostra isso. Nas universidades, e outras instituições, as pessoas negras sempre estiveram presentes na proporção exata de sua representatividade na população, assim como os pardos e brancos. Tanto no estudo como no trabalho. O aumento artificial da “população negra” cria a ilusão de sub-representatividade e distorce as políticas públicas.
No último censo, o próprio povo brasileiro corrigiu IBGE, governo federal e outras instâncias públicas que disseminam a mentira da separação racial brasileira. Os números do último censo mostram a realidade, com a maioria dos “pardos” se autodeclarando “morenos escuros” ou “morenos claros”, miscigenados, descendentes de negros, índios e brancos. Assim como aqueles que se declaram brancos e mesmo os que se declaram negros. Nem IBGE, nem a mídia quiseram divulgar e analisar esses números.
As cotas raciais estão na contramão da realidade e servem de bandeira a militantes oportunistas que se arvoram de justiceiros da história. Como se crimes contra a humanidade, como a escravidão, pudessem ser minimizados. Qualquer discriminação pela cor da pele, como dizia Paulo Freire, é imoral. Jovens colocados diante de “tribunais raciais” para decidir se são afrodescendentes são constrangidos e submetidos a situação degradante. Cena que lembra os tribunais da Gestapo que “analisava” se as pessoas eram ou não judias.
A discriminação que sempre existiu no Brasil foi a econômica. Os pobres, de todas as cores, sempre foram os discriminados. Mesmo assim, cotas econômicas para escolas públicas também podem ser uma deformação, pois nem todos os pais que colocam os filhos em escolas particulares são ricos e nem todos que colocam os filhos em escolas públicas são pobres. E paliativos como esses escondem o verdadeiro problema que é o sucateamento do ensino fundamental, sem solução à vista, jogado “ao acaso dos prefeitos”.
Na Universidade Estadual de Londrina, antes de incluir alunos de forma artificial, as cotas excluem alunos aptos a ingressar na universidade. A UEL, em sete anos de cotas não produziu sequer um estudo comparativo entre os “incluídos e excluídos”. A UEL, em sete anos, produziu poucos estudos sobre as cotas. A composição artificial de 40% do alunado é mais um fator a ameaçar o nível acadêmico da instituição, que não deve continuar se pautando pelo populismo e pela demagogia de todas as cores. E é preciso retomar a lição: a cor da pele é irrelevante.

*Marcos Cesar Gouvea é jornalista em Londrina

sábado, 13 de agosto de 2011

Meio século de vergonha

O muro de Berlim completa 50 anos de sua construção. Segundo a Enciclopédia Britânica, de 1949 a 1961, mais de 2,5 milhões de alemães do leste migraram para o Berlim ocidental, provocando na então Alemanha Oriental o receio de que a economia daquela região se inviabilizasse, uma vez que os migrantes eram jovens e adultos qualificados profissionalmente, professores e até intelectuais. Tiveram então a coerente (com sua doutrina de sociedade fechada) ideia de construir um muro para impedir o êxodo de alemães-orientais para o lado ocidental. Hoje, 50 anos após essa vergonhosa construção ter sido erigida, o mundo comenta e discute o que esse nefasto Muro significou para a humanidade.
No sítio da Deutsche-Welle, a principal rede de tv alemã, pesquei o seguinte:

"Ninguém tem a intenção de erguer um muro!". A frase foi dita na República Democrática Alemã (RDA – ou DDR na sigla em alemão), de regime comunista, pelo líder do SED, partido único, Walter Ulbricht, no dia 15 de julho de 1961, diante da imprensa internacional. Dois meses depois, o mesmo Ulbricht daria a ordem para dividir Berlim.

Quase 30 anos depois do início de sua construção, em 1961, o Muro de Berlim transformou-se no maior símbolo da Guerra Fria, que chegou ao Brasil e à América Latina de outras forma. Aqui, o receio de que guerrilhas revolucionárias motivadas pelo sucesso de Fidel Castro e Che Guevara em Cuba chegassem até aqui motivou o fechamento de governos democráticos em ditaduras militares. Essa reação totalitária de direita motivou a esquerda a bradar até hoje como se fossem verdadeiros defensores da liberdade e da democracia.
Ocorre que a "democracia" que eles querem é a do partido único, assim como havia na Alemanha Oriental. Lá o chamado SED vigiava fortemente os cidadãos e controlava a mídia. Curiosamente, a esquerda brasileira hoje quer fazer o mesmo. Proclamam ardentemente a necessidade de se ter uma "Ley de Medios" (eles utilizam o termo em espanhol para aludir ao que os Kirchner fizeram na Argentina) para reformar a mídia brasileira, que eles chamam de golpista. Assim como a Alemanha Oriental tinha na mídia ocidental um dos seus maiores inimigos, aqui nossos esquerdistas "democráticos" querem fazer o mesmo.

Também do site da DW:

"Os jornalistas ocidentais recebiam informações e material sobre temas delicados de informantes como o jornalista e cinegrafista Siegbert Schefke e o fotógrafo Aram Radomski. Ambos tinham quase 30 anos e ainda "tinham uma conta a acertar" com o regime quando começaram a fornecer informações a jornalistas ocidentais e a filmar o que não deveriam.

Como, por exemplo, em 9 de outubro de 1989 em Leipzig, quando os dois se deitaram sobre sujeira dos pombos dentro da torre de uma igreja e filmaram, secretamente, a manifestação de 70 mil cidadãos da Alemanha Oriental contra o regime do SED.

As filmagens foram entregues ao correspondente da Spiegel, Ulrich Schwarz, que as levou para o Ocidente. No dia seguinte, os alemães orientais puderam ver no Tagesschau [noticiário televisivo ocidental] que não foram 500 bêbados que provocaram arruaças no centro Leipzig, como fora anunciado pela mídia da RDA."


O tempo passa e as marcas da história vão se cristalizando, fornecendo documentos e relatos fartos sobre como as sociedades democráticas estão repletas de pseudo-amigos românticos - talvez até cheios de boa vontade - mas prontos a nos levar ao mais terrível dos sistemas. Temos o dever de tolerá-los, ou perderíamos nossas credenciais de sociedade democrática. Muito ao contrário do que eles mesmo demonstram: a incapacidade de tolerar críticas e contrários.